Quinto mês


Agências de viagens anunciam as cores da República Dominicana, as praias de Cuba, a cultura Mexicana e o calor de Bahamas. Para os québécois, a chance de fugir do inverno! Deixa, no ano que vem, eu também estarei me rendendo aos prazeres do sol!!! Enquanto isso, vou vivendo no lugar que é mais frio que o freezer da Electrolux que eu tinha lá no Rio. E o sol é apenas a luz dessa enorme geladeira.

Em 16 de dezembro outra forte tempestade de neve caiu sobre Montreal e as ruas ainda acumulavam a neve da tempestade anterior. Foi um caos! Mais de 1 metro de neve pelo caminho, atrasos, engarrafamentos, stress e -20 milhões na conta do governo que prometeu limpar tudo antes de Natal. E limpou!

Os dias passam rápido, as noites chegam mais cedo... O início do inverno me assusta!


A minha nova rotina me cerca de ansiedade. O trabalho da Sita não é complicado, somente os horários me chateiam. No meu departamento se trabalha 24h/7d e a rotação é mensal. A Sita está sempre procurando gente para preencher o quadro de funcionários, por isso quem fala português, espanhol, inglês e francês, pode trabalhar lá sem problemas.

As tentativas de fazer minhas próprias unhas continuam a me frustrar. E por horas eu me arrependo de jamais ter feito um curso de manicure. Da mesma forma, os botões das minhas roupas se acumulam numa caixinha porque eu não sei costurar... E às vezes, a criatividade para cozinhar também me falta.

Tenho tentado me organizar, fazendo uma tarefa a cada dia. Ter empregada doméstica por estas terras custa uma fortuna, a qual eu ainda não consegui acumular, e viver sem a ajuda de uma delas exige disciplina. Então, todos da família devem ajudar. É regra para o bom convívio e o não desenvolvimento da loucura, porque aqui de cada seis pessoas, uma é doente da cabeça. E eu definitivamente, não quero fazer parte desta estatística.

E por falar em fortuna, um dia desses eu li no jornal que os canadenses são os mais consumistas do mundo inteiro. Mas, muitos preferem fazer suas compras nos EUA. E não é por menos, os produtos vendidos no Canadá são em média 17% mais caros que os vendidos nos EUA. E em setembro, quando o dólar canadense ficou no páreo com o dólar do Tio Sam,
cerca de 4 milhões de canadenses nem pensaram duas vezes antes de cruzar a fronteira e adiantaram suas compras de Natal. Os 3 itens mais comprados foram Ipod Touch da Apple, DVD do Shrek 3 e o perfume Hypnose da Lancôme.

O mercado interno reagiu em outubro, baixando seus preços em 25%. Foi aí, que eu comprei os presentes de Natal das crianças. E só!

Após o Natal, as vendas do Boxing Day, baixavam ainda mais os preços. Era promoção pra acabar com qualquer estoque de loja! Mas, eu particularmente, achei que o movimento nos shoppings estava bem tímido. E os jornais, confirmavam: "
Os québécois são menos inclinados as compras de saldo de Natal". No Boxing Day, a média gasta por habitante em Québec gira em torno de 129$, enquanto na província mais rica, Alberta, a média chega a 431$.

É que especialistas em economia dizem que viver em francês sai mais caro. E Québec, é a
província menos rica e a que mais paga impostos em todo o país.

Cerca de 30% da população do Québec vive hoje com a ajuda social, o que possivelmente justifica o crescimento das filas nos bancos alimentares. A média de remuneração semanal é de 692,28$. Enquanto em Alberta, a média é de 787$.


Não que o Québec seja pobre, mas apresenta fatores que atrasam o desenvolvimento da província como por exemplo, taxa de desemprego de 9%, população envelhecida, mão de obra que carece de especialização, dificuldades nas finanças públicas e tímidos investimentos privados.

Mas, mesmo sabendo que o Québec tem lá suas dificuldades, essas são infinitamente menores quando comparadas as do Brasil. E a gente está só começando...

Publié parMichèle Aguiar 5 commentaires