Primeiro mês


Muito aprendemos em nosso primeiro mês no Canadá. Como por exemplo, desmistificamos o fato de que aqui não faz calor. Nossa máxima nesse verão foi de 31oC. Mas a temperatura varia muito durante um mesmo dia, não é a toa que mesmo no verão, nossa mínima foi de 8oC. Por isso, virou rotina assistir ao Weather Channel todos os dias, antes de sair de casa.

Café da manhã de canadense é bem parecido com o americano: ovos mexidos com bacon, batatas e pão. Aliás, o pão pode estar presente em todas as refeições. Muffins, bagels e croissants também acompanham o café aguado deles. A cafeteria preferida deles é a Tim Hortons, Second Cup e Starbucks também se fazem presentes. Eles não tem o costume de tomar um cafezinho expresso, mas boas cafeterias italianas podem ser encontradas na Boulevard Saint-Laurent, na Rue Saint-Denis, na Rue Jean-Talon et na Rue Beaubien. E para alegria dos brasileiros existe café Melitta nos supermercados.

Muitos canadenses andam nas ruas com seus copos térmicos. Ali pode ter café aguado, chá ou capuccino. A água pode ser mineral ou mesmo da torneira. Pepsi, Fruitopia, Minute Maid de laranja e maçã, parecem ser seus favoritos.

Eles podem não prezar por limpeza, mas pedem que tiremos os sapatos quando entramos em suas casas.

Seus apartamentos são alugados semi-mobiliados. Fogão, exaustor, geladeira e armários compõem a cozinha. Os quartos possuem closet. Aliás, um apartamento pode ter vários closets, mas eles só possuem cabideiro. Na falta de gavetas, caixas e artigos de organização são muito utilizados. É dentro de casa que notamos como a cidade é inteiramente preparada para o inverno: os tetos são rebaixados, as janelas são duplas, e toda a estrutura de madeira da construção permite um excelente isolamente térmico.

Ônibus e metrôs também são preparados para o inverno. Nos dias mais quentes, nos sentimos sufocados dentro deles. Eles não possuem climatização e têm poucos assentos. Uma vez no ponto de ônibus não é preciso fazer sinal para que o ônibus pare, e para saltar, basta colocar a mão na porta, ou descer um degrau (dependendo do modelo do modelo do ônibus) para que ela se abra. Nas estações do metrô, virou hábito pegar uma edição gratuita dos jornais Métro
, Voir e 24heures.

É difícil ver um carro velho pelas ruas e a maioria deles são grandes e as opções, deixam qualquer um confuso: Acura, Buick, Chevrolet, Chrysler, Dodge, Ford, GM, GMC, Honda, Infiniti, Jeep, Lincoln, Mazda, Nissan, Pontiac, Toyota e Volkswagen. Tanto que antes de chegarmos aqui, Pedro sabia que carro queria comprar, agora...

Aqui não existe a denominação shopping, para fazer compras é normal dizer vou ao Centro de Compras. Nós moramos atrás do Centre Commercial Wilderton e ali encontramos grandes lojas como a Pharmaprix, a Videotron, a Dollarama, o Subway, o RBC, e o supermercado Metro.

Em cada Centro Comercial existe um supermercado diferente. Sendo assim, fico de olho nas ofertas da semana para economizar e experimentar produtos diferentes. Os principais mercados aqui são IGA, Loblaws, Maxi, Metro, Provigo e Super C.

Como alimentação no Canadá é cara, as marcas Merit Selection (vendida exclusivamente no Metro) e President`s Choice são opções mais em conta quando comparada a outras marcas.

Os produtos são vendidos em embalagens maiores que as do Brasil. É um exagero uma embalagem de papel higiênico com 32 rolos, mas coisas como essas são comuns por aqui.

Frutas também são muito caras. Não espero comprar laranjas ou mangas para fazer um suco fresquinho em casa, é melhor comprar um Fruitopia. Essa semana, por exemplo, um abacaxi está sendo vendido a C$4,99.

Isso também é um exemplo da desvalorização da moeda brasileira. A principal coisa que um imigrante tem que ter é uma boa reserva e não fazer comparações na hora das compras. Esquecer o valor da moeda e pensar somente nos números. Outro exemplo? Um simples tic tac. No Rio, eu pagava R$1,00. Aqui custa C$1,00. O número é o mesmo, só muda a moeda!

E por falar em moedas... tivemos que nos familiarizar rápido com todas. Nos primeiros dias, eu me enrolava na hora das compras e acabava pedindo ajuda para as caixas. E agora precisamos colecionar as peças de C$1 e 25¢ para as máquinas de lavar e secar roupas daqui do prédio.

Para comprar produtos para o lar é bom atentar toda a semana aos encartes promocionais das principais lojas: Canadian Tire, Wal Mart e Zellers. Como o rótulo "Made in China" domina os produtos no mundo inteiro, é bom atentar para a qualidade. Muitos blogs já haviam comentado sobre as maravilhas da Dollarama. Um produto ou outro escampam, mas a maioria é de péssima qualidade.

Os móveis da Ikea ou mesmo da marca Home Styles, encontrado na Zellers e na Canadian Tire, também são bem inferiores. Tipo bonitinhos, mas ordinários, pois são todos feitos de madeira compensada. Mas são os mais baratos para bolsos imigrantes...

E mais barato ainda é comprar em instituições como Armée du Salut, Renaissance e Village Valeurs, que vendem itens usados a preços de ocasião. Como é impossível agradar a gregos e troianos, eu senti que estava procurando agulha em palheiro... Então, busquei os depósitos da Aldo, Bedo, Blend, Diesel, Guess, Le Château e Mondo Milano, onde roupas e sapatos de coleções antigas são vendidos com até 80% de desconto. Se no Rio fizesse frio, ia tirar a maior onda com meu casaco da Diesel! A etiqueta ainda pendurada mostrava C$324,95. Mas lá no depósito, eu paguei C$70. Para garantir que estamos bem agasalhados compramos casacos que são feitos de plumas de ganso, e sapatos e luvas com Thinsulate, uma fibra sintética desenvolvida pela 3M, que promete conforto e isolação térmica.

E assim vamos... a cada novo dia explorando e aprendendo mais!

Publié parMichèle Aguiar 5 commentaires  

Piada pronta


Hoje, durante nossa ida a Garderie para levar o Rafa, a Michele ve um garotinho sentado na nossa frente e o nome dele gravado na mochila: Bilal.

Na mesma hora, a minha mente podre comecou a maquinar varias piadas com o nome do distinto, e este post vai ser um compartilhamento dessas ideias:

Vamos imaginar as seguintes situacoes com o nosso heroi:

- Aula de educacao fisica:

Jogo de futebol, em um lance mais energico, Bilal entra duro por traz. O juiz ve a cena e coloca o Bilal pra fora. Bilal sai de cabeca baixa. Eh um indisciplinado.

- Escola:

Bilal vai pra escola, mas sua mae esquece de enviar com ele o dinheiro para a merenda. Pronto, Bilal esta duro o dia inteiro.

- Doenca:

Bilal nao esta se sentindo bem, com uma febre de 39 graus, certamente Bilal vai estar mole sem conseguir se levantar.

- Brincadeiras:

Bilal volta sujo para casa. Sua mae esfrega o Bilal para ver se deixa ele limpinho.

- No trabalho:

Bilal trabalha como office boy, e por isso Bilal vive entrando e saindo de varios lugares.

- Em casa com a esposa:

Bilal volta de um arduo dia de trabalho, e sua querida esposa, faz carinho na cabeca de Bilal.

- No aeroporto:

Bilal vai ao aeroporto pegar um aviao, mas pra variar, o voo nao sai no horario. Bilal relaxa e goza, como bem disse nossa ministra.

Eh gente, nao eh sempre que a gente pega uma piada pronta dessas.

Outro nome de rua maneiro aqui eh a rua Bouchette, eh impressao minha, ou so eu mesmo eh que fico pensando besteira ?

Em tempo, coisas tipicas do Canada. Estava eu falando com o concierge daqui (vulgarmente conhecido como zelador) que eh um romeno muito gente boa, e em determinado momento, eu comecei a perguntar pra ele sobre o aquecimento em frances e ele me respondendo tudo em ingles. A Michele ficou so olhando o papo de maluco, com os dois conversando, um em cada lingua, mas com tudo perfeitamente compreensivel.

N`est pas soft no. (nao eh mole nao)

Publié parPedro Fernando 4 commentaires  

bom x ruim


Vou fazer este post de uma maneira um pouco diferente. Vamos dividir em duas partes, o que eu gosto e o que eu nao gosto nesse pais. (obviamente, isso pode e deve mudar ao longo do tempo. Esse post e valido apenas durante esse periodo de 3 semanas).

Eu gosto:
- Das pessoas. Sao educadas e esperam a gente sair do onibus/metro pra poder entrar;

- Das ferramentas. As paradas aqui sao boas e baratas (comparativamente) Ja tenho em casa: furadeira, chaves, etc, etc, e tipo, da uma facilitada boa na vida.

- Do horario. Se o onibus ta marcado pra passar as 10:23, pode esperar que é nesse horario que ele vai passar. E o melhor, o motorista eh educado;

- Facilidade para se locomover. Aqui é relativamente facil de andar, e em aproximadamente 2 semanas, a gente ja sabia ir e vir;

- As coisas de informatica sao baratas. Apesar de nao poder ficar gastando $$$ agora, eu sei que algum dia eu vou poder...


Eu nao gosto:

- Do nome das ruas. Da pra morar em uma rua chamada SemKus? Apelidei essa rua carinhosamente de prisao de ventre (pra poder manter um certo nivel aqui no blog).

- Dos nativos que percebem que voce nao ta entendendo nada (ou sera que nao percebem?) e continuam falando rapido. As vezes, a gente fica olhando pra outra pessoa com aquela cara de "nao to entendendo nada" e os caras nem se tocam. Ainda bem que as coisas sérias que nos tivemos que resolver, foram na boa...

- Do calor. Eu queria saber quem foi o infeliz que disse que aqui so fazia frio ... po, esses dias tem feito um calorzinho bacana ... da até pra ficar suando dentro de casa. Faltou so a praia. (Ta bom, sei que em breve eu vou me arrepender disso, mas como eu disse, esse post tem prazo de validade).

- De nao ter carro. Sei que isso é uma coisa temporaria, mas francamente, ficar carregando peso no lombo é dose. Ja foi época que eu aguentava isso, mas agora a idade ja se faz presente.

- Das paredes. Essa porcaria aqui parece que é feita de papelao. Sei que da uma isolada boa no frio, mas po, pra prender alguma coisa na parede é um parto. Isso quando nao acontece da gente prender e a porcaria cair com reboco e tudo (é, isso aconteceu comigo).

- Das filas: Esse povo faz fila pra tudo, mas respeitar que é bom, nada... Quando a gente vai pegar o onibus la na Plamondon, a porcaria da fila comeca a entrar no onibus dependendo de que lado ele para mais perto. Tipo, se ele para mais perto do fim, entao a fila anda do fim pro comeco. Esses esquema de FIFO (quem é de informatica sabe do que eu to falando, quem nao é, é algo do tipo, primeiro a entrar, primeiro a ser servido) aqui nao funciona.

Bom, é isso...
Depois eu atualizo mais esta lista.

Publié parPedro Fernando 5 commentaires  

Resumindo a quarta semana


Em nossa quarta semana em Montreal decidimos ir ao Consulado, nos matriculamos e solicitamos a transferencia de nossos titulos de eleitor. Ali conhecemos mais dois brasileiros. Um deles nos indicou o L`Hirondelle, um servico de acolhimento e integracao de imigrantes, que auxilia na busca de emprego. Além desse orgao, outros nos foram indicados: Carrefour Jeunesse-Emploi, Centre de recherche d'emploi e o CDEC.

Também fomos ao MICC atualizar nosso endereco. Pegamos uma lista de locais para fazer o curso de frances e outra com todas as palestras sobre emprego que acontecerao entre os meses de setembro e dezembro.

No Service Quebec, solicitei informacao sobre a ajuda para pagamento de aluguel e o endereco de bancos de alimentacao. Parece que o mais conhecido aqui é o
Moisson Montréal. Em nossas pesquisas no google, achamos o Mada Center e o Multi CAF, que parecem funcionar como o Restaurante Popular do Betinho na Central do Rio de Janeiro.

Tentamos nos associar a Biblioteca, mas como ainda nao tinhamos um comprovante de residencia, apenas acessamos a internet gratuitamente por 2 horas na modalidade turista.

Como o Rafa ja segue sua rotina, agora temos mais tempo para explorar. Assim, conhecemos o Exército da Salvacao, que funciona como um brecho, vendendo roupas e artigos para casa a "precos de ocasiao", o que no Brasil diriamos "precos de banana". Conhecemos o Maxi, onde uma carambola, apenas uma, exportada por uma empresa de Sao Paulo, custa C$1,97. E tambem voltamos ao Ikea para comprar nossa mesa de cozinha, cortina, capa para sofa e outros artigos para finalmente deixar o apto habitavel.


Aos poucos, a vida vai entrando nos eixos...

Publié parMichèle Aguiar 2 commentaires  

Resumindo a terceira semana


A terceira semana em Montreal passou bem rápido e foi bastante cansativa. Na segunda fomos ao RBC retirar o cartão Visa e em seguida, eu parti para o MICC, onde Ansari e outros responsáveis pelo Método FEL entrevistaram a mim e mais dois alunos. Para mim, foi uma oportunidade ímpar, conhecer todos os envolvidos no projeto e de cara fazer novas amizades, pois os outros dois alunos também são brasileiros e foi uma alegria trocar relatos sobre nossos primeiros dias em Montreal.

Terça foi dedicada a busca de uma creche. Com a lista fornecida pelo CLSC, liguei para 25 creches e consegui vaga em 2. A primeira `Garderie Educative Le Jardin des Colibris` tem duas creches em seu prédio, uma pública e uma privada. Um senhor muito atencioso, me explicou tudo, mas eu não gostei do lugar. Talvez a parte privada me agradasse, mas eu nem a visitei, simplesmente porque ela não tinha os subsídios do governo. Dali partimos para `Garderie des Petits pas Snowdon Inc.`, uma creche privada, mas com subsídios do governo. E que creche! Me lembrou a creche da Lara.

Enquanto na primeira o Rafa chorava para ir embora, na segunda ele chorava porque queria ficar. Pedro só não gostou de um detalhe: a creche é anglofônica. Para mim, isso não faz a menor diferença. Quando o Rafa for admitido para o ensino primário, ele aprenderá o francês de qualquer forma.

Foi nesse mesmo dia que Pedro adoeceu. Carioca, acha que o verão de Montreal é brincadeira. Ficou na friagem até tarde e teve que acionar um médico pelo GTA.

Na quinta, o Rafa foi levado para a creche às 7:30. Inibido, perguntou se havia um trenzinho para que pudesse brincar. Enquanto formalizavamos a inscrição, ele se intertia. Ao me despedir dele, fui surpreendida com: `Por que você veio aqui?` Pronto! Ele não teria qualquer problema para se adaptar aquele ambiente. Mas como tínhamos prometido, voltamos ao meio-dia para buscá-lo e a professora contou que ele se comportou bem. Lanchou e almoçou direitinho.

Em seguida fomos ao Accès Montréal, que fica na mesma rua da creche. Lá, Pedro autenticou alguns documentos para solicitarmos o auxílio financeiro à criança. Existem dois auxílios, um da província e outro do governo federal.

Na sexta, deixamos o Rafa na creche de novo. Dei-lhe um beijo e ele já foi brincar com o restante da turminha, a maioria asiáticos. Ele já está ciente que na próxima semana, a rotina será maior. Para facilitar a adaptação, pois o programa da creche aqui é um pouco diferente do Brasil, compramos lençol e coberta do Thomas, é que aqui as crianças tiram um ronquinho depois do almoço. E o Rafa só concordou em dormir na creche depois que negociamos a compra desses itens. Detalhe: a mochila da creche também é do Thomas. Haja Thomas!

A tarde recebemos as chaves do apto. E Pedro muito ansioso, apesar do mal estar, já quis começar a mudança que digamos, rendeu um capítulo a parte. Minhas reclamações deixaram Pedro meio estressado... Quando fizemos o contrato de aluguel, o síndico nos pediu um depósito de C$100, de acordo com a claúsula, o dinheiro seria devolvido, caso o apto não fosse limpo. E assim aconteceu. Lá foi a dita cuja aqui, reclamar com o síndico no sábado de manhã. Conclusão: ele nos devolveu o dinheiro e eu fiquei com cara de cachorro sem dono. Chorei só de pensar em limpar tudo aquilo. De repente, eis que surge Mme Iossifova, a ex-locadora. E eu ainda indignada com a sujeira na cozinha, não pude me conter. Ao que ela me respondeu: `Eu sou uma senhora de idade, não dou conta de fazer faxinas. O fogão e o exaustor não funcionam, mande o síndico te arrumar outro.` E lá vou eu de novo atrás do síndico, que me prometeu novos eletrodomésticos em breve. Enquanto isso, continuaremos comprando pratos prontos: Stouffer`s, Michelinas, Smart Ones e Campbell.

Esse episódio, me fez lembrar o comentário de alguém: recomeçar a vida em um país diferente, requer adaptar-se com os hábitos locais. Mas eu os digo, algo que eu definitivamente nunca vou me acostumar é com a sujeira dentro do apartamento desse povo. A marroquina falante, Mme Kharrouby e Mme Iossinofa me deixaram boquiaberta com suas amostragens de higiene. Socorro!!!

Sendo assim, o sábado e domingo foram dedicados a faxina e organização do apto, que só receberá um certificado de ISO de 100% de limpeza, depois de mais alguns dias.

Segunda comemoraram `La Fête du travail`, que no Brasil é comemorado no dia 1o de maio. Foi nesse dia, que também aconteceu um encontro de Brasileiros no Parc Lafontaine, próximo a estação de Sherbrooke. Bem que tentamos chegar lá, mas uma súbita vontade de fazer pipi do Rafael atrapalhou nossos planos. E faltando menos de 100 passos para o evento, tivemos que buscar um toillet no enorme Parque. Como era feriado aqui, tudo estava fechado, até mesmo o toillet do parque. Sem sucesso, acabamos refazendo o caminho de volta, ao que finalmente encontramos um local aberto, o Universel Cafe Bistro, que além do banheiro, serviu para fazer uma boquinha. E foi ali que Pedro finalmente tomou sua primeira cerveja em Montreal. Aaaah!!!!

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